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domingo, 20 de junho de 2010

Mais uma consequência para o uso do bisfenol A: ovários policísticos

Exposição precoce à substância, que migra do plástico e das latas para alimentos e bebidas, é associada à maior causa de infertilidade em mulheres
Uma pesquisa da National Institute of Environmental Health Sciences, publicada ontem, mostrou que ratas jovens expostas ao bisfenol A (BPA) desenvolvem sintomas semelhantes à síndrome do ovário policístico (SOP). De acordo com as evidências, a exposição de fetos e bebês ao BPA pode causar sintomas ovário policístico na fase adulta. Essa síndrome atinge cerca de 6% das mulheres no mundo. É a ma is comum anormalidade hormonal em jovens e também uma das maiores causas de infertilidade. Embora a síndrome apareça na fase adulta, a origem da doença pode surgir anos antes, quando o sistema reprodutivo ainda está se desenvolvendo.

O bisfenol A, químico presente em plásticos e no revestimento de latas de alimentos e bebidas, é um conhecido interferente no desenvolvimento do sistema reprodutivo. Pesquisas anteriores já sugeriam que o interferente hormonal, BPA, poderia ser um fator no desenvolvimento das SOPs.

Na pesquisa, três grupos de ratas receberam injeções de BPA nos primeiros dez dias de vida, período em que o cérebro está envolvido no desenvolvimento do sistema reprodutivo. Um grupo recebeu uma alta dose de BPA e os outros dois grupos receberam uma dose diária igual ou menor do que a considerada aceitável pelo EPA (50mg/kg). Passados quatro meses da exposição, os pesquisadores mediram a taxa hormonal das ratas e acharam altos níveis de testosterona e estrogênio nos grupos que receberam taxas maiores de BPA. Essas ratas também mostraram um nível menor de progesterona e irregularidades na secreção do hormônio, que ajuda a regular a atividade reprodutiva. Essas duas mudanças são características comuns aos sintomas de SOPs.

Os ovários dos animais expostos ao BPA também apresentaram tamanho reduzido. No grupo que recebeu as doses mais altas, os animais desenvolveram cistos nos ovários similares aos que são encontrados em mulheres. Muitos ovos defeituosos também foram encontrados e os roedores não conseguiram ovular ou conceber.

Os animais com a dose média de BPA também apresentaram a fertilidade comprometida, tiveram menos filhotes que as ratas do grupo de controle.

O possível comprometimento de atividades hormonais por interferentes endócrinos químicos vem preocupando os cientistas há algum tempo. O bisfenol A, tem recebido muita atenção. Pesquisas já revelaram que mesmo doses muito baixas, o uso do BPA leva a defeitos no sistema reprodutivo de ratos. O efeito pode ser produzido por exposição direta ou também pela alimentação da mãe, já que o bisfenol A passa da placenta para o feto.

Notícia originalmente publicada pelo Environmental Health News
Dúvidas frequentes sobre o bisfenol A
Saiba o que é esse químico que afeta a nossa saúde e como evitá-lo
O bisfenol-A é um produto químico usado na fabricação de plásticos. O BPA também é utilizado no revestimento interno de quase todas as latas de alimentos e bebidas, inclusive em latas de fórmula para bebês.

Por que o bisfenol A é usado em recipientes de comidas e bebidas?
Porque ele é transparente, forte, leve e duradouro e torna o plástico mais resistente a rachaduras. O revestimento de BPA usado no interior de latas de comida e bebida evita que as latas enferrujem.

O contato com o bisfenol-A traz riscos à saúde?
Nos últimos 10 anos, estudos com animais realizados em laboratório sugeriram que quantidades mesmo muito pequenas de bisfenol-A podem ser prejudiciais para a saúde, afetando principalmente o desenvolvimento de bebês e crianças pequenas.

Quais são os possíveis perigos do bisfenol-A para a saúde?
Os perigos incluem alterações no desenvolvimento do sistema nervoso do bebê (função da glândula tiroide e crescimento do cérebro); mudanças no comportamento e no desenvolvimento do intelecto (hiperatividade e agressividade). O bisfenol-A também foi associado à obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer, puberdade precoce e tardia, abortos, infertilidade e anormalidades no fígado. Pesquisas já associaram o químico a problemas sexuais em homens, como a diminuição da qualidade e da quantidade de esperma.

Como estamos expostos ao bisfenol A?
Bebês e crianças: há duas formas mais comuns de contato com o BPA:
1 – O BPA pode ser transmitido para criança através do consumo de alimentos ou bebidas acondicionadas em plástico, como mamadeiras, copinhos, pratinhos e talheres. É importante salientar que o aquecimento da mamadeira leva a um maior desprendimento do bisfenol-A, no entanto, em mamadeiras de plástico a migração vai acontecer independe dela ser aquecida ou não.

2. O BPA também pode migrar de latas, como as de leite em pó, e assim ser ingerido pela criança. É cientificamente comprovado que o bisfenol-A passa pela placenta e a contaminação do feto ocorre sempre que a mãe ingerir um produto que esteve em contato com o químico.

Adultos: Pela ingestão de alimentos ou bebidas provenientes de latas, recipientes plásticos usados para guardar alimentos na geladeira, garrafas (squeezes) e garrafões.

Como evitar o contato com o bisfenol A?
- Consuma frutas e hortaliças frescas. Ao comprar conservas prefira as de vidro.
- Não aqueça comidas ou bebidas em recipientes de plástico.
- Rejeite qualquer recipiente de plástico que estiver velho, gastou ou turvo. Isto inclui garrafas d’água. Para acondicionar alimentos prefira os de aço inox, cerâmica ou vidro.

Como proteger o meu bebê do bisfenol A?
- Evite ingerir bisfenol-A se estiver grávida ou em fase de amamentação;
- Dê leite materno.



Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros
O caminho do consumo passa pela escolha, compra, utilização e descarte. O final do caminho nem sempre para por aí. No processo civilizatório mais descarte não significa mais riqueza social, financeira e nem cultural. Acesse o Blog Jornada aos Restos do Mundo e descubra como a relação entre consumo e lixo afeta sua saúde e o meio ambiente.
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