Assista nosso Programa

terça-feira, 17 de março de 2015

Musas de canções populares inspiram grupo Canto Livro em show lítero-musical no Sesc Campo Limpo

Canto Livro - foto: Sergio Caddah
No mês em que se comemora o dia internacional da mulher, Joana e Jean Garfunkel contam e cantam histórias de mulheres inspiradoras. Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Adélia Prado, Chico Buarque, Joyce, entre outros autores, formam este caleidoscópio de facetas femininas. A escritora Carolina de Jesus é a grande homenageada da noite

Uma viagem musical permeadas por contação de histórias é o atalho para o público conhecer a vida e a obra da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977) no show Histórias de Mulher que o grupo Canto Livro apresenta dia 27 de março, sexta-feira, às 19h30, no Sesc Campo Limpo. Grátis.

Idealizado por Joana Garfunkel e seu pai, Jean Garfunkel, o Canto Livro pretende aproximar a literatura da música para encurtar a distância entre o livro e o público entremeando texto e música num contraponto dinâmico e divertido. O diálogo do texto com a canção ao longo do roteiro desenha um perfil nítido e delicado da alma feminina.

Em Histórias de Mulher, o grupo coloca a força feminina como protagonista, agente criadora e inspiradora da própria expressão artística. Das musas inabaláveis como Teresinha, de Chico Buarque ou Maria Maria, de Milton Nascimento, às mulheres objetivas e pragmáticas como em Outras Mulheres, de Joyce. Do texto lapidado de Clarice Lispector ao brilho de pedra bruta de Carolina de Jesus. Da poesia metafísica de Adélia Prado á espontaneidade lírica de Cora Coralina.

“Nossa sociedade patriarcal, sempre colocou a mulher numa posição de coadjuvante, no palco de seu processo histórico. Nas artes não haveria de ser diferente em detrimento, e porque não dizer desperdício, do talento e do poder criativo de nossas grandes artistas. Histórias de Mulher nos dá uma visão literária e musical da abrangência e da diversidade da expressão feminina”, explica Jean Garfunkel.

No repertório estão clássicos de Chico Buarque (Mulheres de Atenas, Folhetim e Carolina); Milton Nascimento (Maria Maria), Dorival Caymmi (Das Rosas), Caetano Veloso (Esse Cara), Marcos Valle e Paulo Sergio (Sonho de Maria), entre outros. Permeiam as canções, trechos de poemas de Adélia Prado, Cecília Meireles e Cora Coralina. O livro Quarto de Despejo, de Carolina de Jesus ajuda a contextualizar o papel da mulher na sociedade.

Moradora da favela do Canindé, zona Norte de São Paulo, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Apesar do pouco estudo, cursou apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada, publicado em 1960. Vendeu mais de 100 mil exemplares, com tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.

O Canto Livro

O projeto Canto Livro foi criado em 2006, quando Jean Garfunkel – poeta, escritor e compositor consagrado da MPB, gravado por intérpretes como Elis Regina, Zizi Possi, Margareth Menezes e Maria Rita - foi convidado a cantar num projeto dedicado a João Guimarães Rosa por conta de sua pesquisa e visitas à cidade mineira de Morro da Garça, terra natal do escritor. Joana, também já nutria grande admiração pela obra do autor mineiro. Em 2002, escreveu a tese Sentido e Significado em Grande Sertão Veredas, pela PUC SP.

Contadora de história, cantora e grande conhecedora da obra de Guimarães Rosa, o encontro entre pai e filha no palco foi natural. Juntos, teceram a ponte entre a saga do jagunço Riobaldo e canções compostas por Jean e seu irmão Paulo Garfunkel, no show O Sertão na Canção. Logo perceberam o potencial para a sensibilização e incentivo à leitura.

Paralelo ao trabalho com o Canto Livro, Jean Garfunkel, que tem quatro discos gravados em dupla com seu irmão Paulo Garfunkel, acaba de lançar o CD 13 Pares e Um Fado Solitário, homenageando treze parceiros importantes da sua rica e diversificada trajetória musical.

Para Jean Garfunkel a leitura pode e deve ser criativa, coletiva e musical. “A abrangência e a diversidade do nosso cancioneiro refletem simultaneamente todas as faces da inquietação humana. Os livros sempre foram e serão grande fonte de inspiração para toda manifestação artística; inclusive, e principalmente a nossa.”

“A música e a narração de textos encadeados em um roteiro possibilitam que o livro saia da estante, fazendo da leitura uma experiência viva, emocionante e interativa”, completa Joana Garfunkel.

Cantando os livros

Com 7 anos de estrada, o Canto Livro acumulou apresentações em museus, centros culturais, festivais, feiras literárias, bibliotecas e escolas. Hoje, são cerca de 16 espetáculos que passeiam por autores como Manuel Bandeira, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Vinícius de Moraes, Manoel de Barros, Fernando Pessoa, Mia Couto, entre outros.

Possui parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), cujas apresentações são inspiradas em cada exposição, colocando a canção e a poesia para interagir diretamente com as artes plásticas. Ao incorporar a interpretação simultânea em LIBRAS (língua brasileira de sinais), possibilitou a inclusão e o acesso do deficiente auditivo ao universo da literatura. Esta iniciativa proporcionou ao grupo a conquista do Prêmio Ibero-Americano de Atividades Educativas em Museus, em 2011.

Já se apresentaram em espaços culturais como o Teatro Santa Cruz, Museu da Língua Brasileira, Museu da Casa Brasileira, Centro Cultural São Paulo, Festival da Mantiqueira e várias unidades do Sesc. Em 2010, o trabalho foi contemplado pelo edital da Caixa Cultural e, em 2012, pelo Proac. Em 2013, participaram da primeira balada para surdos no Brasil, a Sencity, versão da festa holandesa, nascida em Amsterdã e replicada com sucesso em Londres e Sidney.

Na recente edição da Bienal Internacional do Livro, participaram com dois shows: Machado de Assis – O Bruxo do Cosme Velho e outro em homenagem ao centenário de Carolina de Jesus. Ainda em 2014, apresentaram o show Bodas de Chumbo, sobre os 50 anos do golpe militar, com textos e canções da época.

Sobre Jean Garfunkel

Poeta, ator, cantor, compositor e publicitário. Tem quatro discos lançados em dupla com seu irmão Paulo Garfunkel, e músicas gravadas por vozes importantes da MPB como, Elis Regina, Maria Rita, Margareth Menezes, Zizi Possi, Renato Braz e Pena Branca e Xavantinho. Durante mais de dez anos trabalhou como assistente de direção da atriz e diretora Myriam Muniz, e compôs trilhas para teatro, entre elas, Maroquinhas Frufru, de Maria Clara Machado; considerado um clássico da dramaturgia infantil.

Integrante do grupo de estudos sobre a obra de Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, que detém o acervo do autor. Realiza oficinas e palestras sobre música e literatura em bibliotecas, livrarias e espaços culturais. Como letrista tem parceiros ilustres como, Léa Freire, Sizão Machado, Mozart Terra, maestro Moacyr Santos, maestro Júlio Medáglia e o violonista Yamandú Costa.

Sobre Joana Garfunkel

Cantora, narradora de histórias e psicóloga, tem em seu percurso, uma pesquisa acadêmica premiada sobre a obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Trabalha desde 2005 com música e literatura, apresentando-se ao lado de artistas como Tavinho Moura, Natan Marques, Grupo Miguilins, Emiliano Castro, entre outros.

Além dos diversos locais em que se apresenta – como SESCS, teatros, bibliotcas, feiras literárias – teve, ao longo do ano de 2010, apresentações mensais realizadas no Teatro do Colégio Santa Cruz, com patrocínio da Editora Saraiva.

Para roteiro:

CANTO LIVRO no show HISTÓRIAS DE MULHER – Dia 27 de março, sexta-feira, às 19h30, no Sesc Campo Limpo. Com Jean Garfunkel (violão), Joana Garfunkel (voz), Pratinha Saraiva (flautas e bandolim). Arranjos: Natan Marques. Duração: 60 minutos. Classificação: Livre. Grátis.

Sesc Campo Limpo - Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120. Campo Limpo – São Paulo/SP - Tel.: (11) 5510-2700. Local do show – Área externa.

Horário da Unidade: Terça a sábado, das 13h às 22h. Domingos e feriados, das 11h às 20h.

sescsp.org.br/campolimpo

facebook.com/sesccampolimpo | twitter.com/sesccampolimpo

Nenhum comentário:

Postar um comentário