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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Varizes nos testículos: causa de infertilidade que pode ser tratada com cirurgia



Cerca de 90% dos casais que tentam engravidar num período de doze meses são bem-sucedidos. Os demais enfrentam problemas que muitas vezes são reversíveis. A varicocele, que é a formação de varizes nas veias do escroto – onde estão alojados os testículos –, é uma dessas causas passíveis de tratamento. É, inclusive, a doença identificável mais conhecida associada à infertilidade masculina. “Trata-se de uma doença que acomete entre 15% e 20% da população masculina. Entretanto, nem todo homem portador de varicocele é infértil.  Alguns, quando jovens, costumam engravidar suas parceiras mais de uma vez. Mas, como a varicocele não tratada pode, com o passar do tempo, afetar negativamente a produção e o desenvolvimento dos espermatozoides, deve ser motivo de atenção desde o diagnóstico inicial, ainda que seja na adolescência”, diz Edson Borges Junior, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor do Grupo Fertility.

Característica interessante dessa doença é mostrar que não é porque um homem já foi capaz de engravidar uma mulher que ele está livre da possibilidade de apresentar infertilidade no futuro. Estudos mostram que a varicocele é observada em mais de 80% dos homens com infertilidade secundária. Ou seja, após terem estabelecido gravidez anteriormente. Apesar de o mecanismo pelo qual a doença afeta a fertilidade permanecer obscuro, depois de analisar mais de nove mil homens, a Organização Mundial da Saúde verificou que 25,6% dos pacientes com alterações no sêmen tinham varicocele – além de redução significativa do testículo afetado em comparação com o outro. Se estabeleceu, também, uma relação direta entre o tamanho dos testículos e a concentração de espermatozoides – fator importantíssimo para a fertilidade masculina.

Borges aponta possíveis causas para a varicocele: ausência ou defeito congênito das válvulas da veia espermática, dificuldade de drenagem venosa provocada por obstrução do sistema venoso, ou compressão do sistema venoso. “Quando diagnosticada na adolescência, o paciente deve ser acompanhado anualmente por um urologista para checar se não há uma diminuição no tamanho dos testículos ou ainda um declínio de suas funções. Geralmente, o diagnóstico é clínico. Entretanto, pode ser necessária a realização de um ultrassom ou ainda uma venografia, que é o teste-padrão utilizado.”

Ainda que alguns homens com varicocele não apresentem prejuízo da fertilidade, numerosos estudos demonstram deficiências importantes nas características do sêmen, não só no número total de espermatozoides, mas também na função e na qualidade deles. Entretanto, se um paciente com varicocele apresentar resultado normal na análise seminal, a doença, em princípio, não deve ser considerada causa de uma possível infertilidade. “Para estabelecer o tipo de tratamento empregado, é importante que o profissional envolvido no tratamento do doente leve em consideração o exame físico, os níveis hormonais e a análise seminal. Só assim é possível determinar quando a cirurgia pode melhorar os parâmetros seminais e as taxas de gravidez”, diz o especialista.

Na opinião do médico, a correção cirúrgica da varicocele (varicocelectomia) é uma excelente opção para devolver fertilidade ao casal, com relação custo-benefício superior a qualquer procedimento de reprodução assistida – principalmente quando é realizada com a técnica microcirúrgica. “Espera-se uma taxa de gravidez de 33% a 46% num período de doze meses após a cirurgia. Mas é importante dizer que a idade da parceira tem um papel importante no sucesso do tratamento. Ou seja, quando a parceira tem mais de 37 anos de idade, a varicocelectomia pode não ser a opção terapêutica mais indicada. Nesses casos, as técnicas de reprodução assistida (inseminação artificial ou fertilização in vitro) tendem a trazer resultados mais rápidos”.


Fonte: Dr. Edson Borges Junior, medico urologista, especialista em Medicina Reprodutiva, diretor do Grupo Fertilitywww.fertility.com.br