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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Tibolona tem efeitos benéficos na libido de mulheres‏

Esta é a constatação do doutor Jorge Nahas Neto, especialista em terapia hormonal da Unesp de Botucatu, baseada em estudos médicos e depoimentos sobre o fato da substância reduzir as queixas das pacientes quanto a libido, ao prazer e ao bem-estar físico e psicológico
A tibolona é um princípio ativo oferecido pelo mercado farmacêutico há mais de 10 anos em tratamentos de terapia hormonal para mulheres pouco antes, durante e após a menopausa. Neste período, este princípio ativo tem sido objeto de diversos estudos, que possibilitaram a classe médica obter conhecimentos consistentes sobre sua atuação no organismo feminino, inclusive junto ao Sistema Nervoso Central.

“Este medicamento foi desenvolvido inicialmente para tratar sintomas vasomotores nas mulheres após a menopausa, como o fogacho (calor constante) e a excessiva sudorese noturna. Mas, hoje, se sabe que a substância tem atuação eficaz na prevenção da perda de massa óssea e da atrofia urogenital (ressecamento vaginal/falta de lubrificação), apresentando também benefícios adicionais, como redução significativa das alterações de humor e aumento da libido, do vigor físico e da concentração”, explica o doutor Jorge Nahas Neto, ginecologista, especialista em terapia hormonal, e professor de medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Botucatu).

Segundo o médico, a tibolona tem ação completa nos tecidos – ossos, vagina e pele –, com baixo impacto sistêmico (na corrente sanguínea). Nas disfunções sexuais, o medicamento diminui a produção da proteína SHBG pelo fígado, elevando a concentração de testosterona livre, que consequentemente será convertida em estrogênio. Ao ocorrer essa conversão, há uma melhora do ressecamento vaginal e da preservação da massa óssea, aumento do fluxo sanguíneo clitoridiano e é elevada a concentração de endorfinas (neurotransmissores do bem-estar), que atuam junto ao sistema nervoso central, melhorando também o humor e a libido.

A tibolona também se diferencia dos demais esquemas terapêuticos hormonais convencionais por não interagir ou estimular as mamas, reduzindo a incidência de mastalgia (dores nos seios) e por não estimular o endométrio, evitando a ocorrência de sangramentos imprevistos. “É uma substância terapêutica muito importante nos tratamentos hormonais, porque atua reduzindo de forma expressiva as principais queixas das pacientes em termos vasomotores, mas também no que se refere à libido, ao prazer e ao bem-estar físico e psicológico. Cada paciente precisa ter seu histórico clínico, sintomas e condições de vida avaliados, antes de saber qual é o diagnóstico e o tratamento mais adequado para seu caso”, explica o especialista.

Estas constatações foram abordadas em estudos médicos, como The effects of tibolone on mood and libido, conduzido pela médica e PHD Susan Davis e publicado no jornal Menopause, da Sociedade Norte-americana de Menopausa; Beneficial effect of tibolone on mood, cognition, well-being and sexuality in menopausal women, realizado por médicos do Departamento de Medicina Reprodutiva, Desenvolvimento Infantil, Ginecologia e Obstretrícia da Universidade de Pisa, na Itália; e Effects of tibolone on the quality of life, anxiety-depression levels and cognitive functions in natural Menopause, produzido por especialistas do Departamento de Psiquiatria, Ginecologia e Obstetricia do Hospital de Formação e Pesquisa de Atatürk, na Turquia.

No consultório do especialista em terapia hormonal, de 70% a 80% das mulheres chegam com reclamações vasomotoras, 60% com dispareunia (dor durante o ato sexual) e 25% a 30% relatam também perda de concentração, insônia, fadiga muscular, irritabilidade e disfunções sexuais. “Em alguns casos, só a reposição de estrogênio já ameniza os sintomas e garante bem-estar. Em outros, a complementação com tibolona é indicada em função da perda de libido, dificuldade em chegar ao orgasmo ou de fatores psicológicos e neurológicos, como apatia, insônia, ansiedade e depressão associados”, esclarece.

O médico também alerta para o fato de todo tratamento medicamentoso ter efeitos adversos. Tibolona não é indicada para mulheres com história atual ou anterior de câncer relacionado com hormônios sexuais, como câncer de mama e do endométrio; problemas circulatórios, com formação de coágulos no sangue; doença grave no fígado; sangramento vaginal sem explicação; porfíria (doença genética relacionada a diferentes enzimas) e espessamento do endométrio. É contraindicada ainda para mulheres grávidas e que estejam tomando medicamentos anticoagulantes (para tratar a circulação).

Depoimentos de mulheres que optaram pela terapia hormonal

Maria Amélia Andrade Caleira, 51 anos, foi submetida a uma histeroscopia para retirada de mioma há 3,5 anos, o que adiantou a menopausa, com o surgimento de fogachos (crises súbitas de calor), suores noturnos e secura vaginal. “Para completar, como minha mãe teve osteoporose, o médico considerou melhor iniciar, de imediato, terapia hormonal para reduzir os riscos de excessiva perda óssea”. No início, Maria Amélia resistiu à idéia de aderir ao tratamento, mas com a melhora gradativa dos sintomas, mudou de opinião. “O tratamento eliminou todos os sintomas e ainda contribuiu para melhorar minha disposição física”, afirma.

Outra paciente, Maria Valquíria de Oliveira Gavlak, 45 anos, foi submetida a dois procedimentos cirúrgicos. O primeiro há 12 anos para retirada total do útero e há cinco anos para retirada dos dois ovários em função do surgimento de cistos. Ela começou o tratamento hormonal com outros medicamentos, mas não se adaptou tão bem, sendo que alguns hormônios a deixaram sexualmente desmotivada. Segundo ela, a situação mudou quando a tibolona foi indicada por seu médico há 3,5 anos, pois além de ter reduzidos os fogachos, as dores no corpo e o desânimo, percebeu que ganhou qualidade de vida e que teve ânimo para retomar um padrão sexual adequado e satisfatório.

A menopausa de Vera Rossanesi começou cedo, aos 38 anos, e trouxe, de imediato, ondas de calor alternadas com frio todas as noites e sudorese excessiva, associadas a mau humor, irritabilidade e impaciência, além de enfraquecimento das unhas, ressecamento da pele e dos cabelos. “Fiquei com o humor muito alterado, o que era complicado no relacionamento para alguém que trabalha com comércio. Tomei diversos hormônios, alguns provocavam inchaço nas mamas e no resto do corpo. Só melhorei mesmo há seis meses quando comecei a tomar tibolona e os sintomas foram desaparecendo gradualmente”, afirma Vera, hoje com 42 anos.

Fonte: Lide