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terça-feira, 26 de outubro de 2010

90% da população terá pelo menos uma crise de lombalgia no decorrer da vida

Lombalgias agudas são muito comuns e possuem como causas movimentos realizados de forma errada. Já lombalgias crônicas são menos comuns mas requerem tratamento multidisciplinar devido a sua complexidade. Casos de dor na coluna são cada vez mais frequentes em função do sedentarismo, obesidade e estresse

Dor nas costas. Com a vida moderna nas grandes cidades, tempo gasto no trânsito e o dia todo dentro de um escritório, quem nunca reclamou? Difícil, pois de acordo com o neurocirurgião e especialista em cirurgia de coluna vertebral do Hospital 9 de Julho, Dr. Alexandre José Reis Elias, 90% da população terá pelo menos um episódio ou crise de dor na coluna ou lombalgia no decorrer da vida. E os motivos para isso estão cada vez mais frequentes. "Podemos dizer que o número de pessoas que sofrem de dor nas costas tem aumentado principalmente em função do sedentarismo, do sobrepeso e do estresse", afirma o médico.

Mas, como definir quando a dor nas costas é passageira ou pode indicar um problema mais grave? O Dr. Alexandre explica que o problema mais comum é a lombalgia aguda, com duração da dor menor que 12 semanas. Trata-se de uma dor que aparece na coluna lombar (entre a última costela e as nádegas), que piora muito ao fazer qualquer movimento com o corpo. Por isso, o paciente "anda com o corpo duro". A causa mais comum da lombalgia aguda é algum movimento errado que o paciente fez como: carregar peso em excesso ou de forma errada; abaixar o tronco para pegar algum objeto, com as pernas esticadas; fazer rotação do corpo mantendo os pés parados no chão ao invés de rodar todo o corpo; ou, ainda, pegar algum objeto em uma estante alta inclinando o corpo para trás.

Quando a dor nas costas dura mais que 12 semanas é caracterizada como lombalgia crônica e, por ter causa multifatorial, é bem mais difícil de ser tratada, requerendo a procura de um centro especializado em dor, com equipe multidisciplinar formada por neurocirurgião, reumatologista, fisiatra, ortopedista etc. É o caso do Centro de Dor, Neurocirurgia Funcional e de Coluna do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Independentemente da duração da dor, o indicado é, ao surgimento dos sintomas, que a pessoa procure um especialista para avaliar a gravidade do problema e iniciar o tratamento. "Apesar de rara, a causa da dor pode ser a presença de fraturas, tumores ou até mesmo uma infecção da coluna. Somente com uma avaliação médica podemos saber se é alguma doença mais grave ou não", completa.

Lombalgia aguda: A mais comum e de ótima evolução apesar da forte dor inicial

Os casos de lombalgia aguda são, normalmente, quadros benignos e autolimitantes, ou seja, o paciente melhora da dor utilizando medicações ou não. É muito importante deixar claro para o paciente que a dor não vai desaparecer em alguns dias mas em algumas semanas. O tratamento pode ser avaliado pelo próprio paciente: se a cada semana ele estiver melhor que na semana anterior, é porque o tratamento está indo bem. "Os pacientes não orientados desta forma ficam preocupados, pois a dor não desaparece em poucos dias e eles ficam perambulando pelos pronto-socorros e consultórios", afirma o Dr. Alexandre. No entanto, para aliviar o sofrimento do paciente, o médico pode indicar medicações analgésicas, anti-inflamatórias e relaxantes musculares que, associadas à fisioterapia e à acupuntura, proporcionam alívio importante da dor. Outro fator importante é encorajar o paciente a não ficar em repouso e reassumir suas atividades assim que a dor apresentar uma melhora inicial. Mesmo em casos de dor lombar de forte intensidade, o paciente deve evitar o repouso prolongado. "Após o tratamento da crise, inicia-se o tratamento de prevenção de novas ocorrências com RPG - Reeducação Postural Global, controle do peso, combate ao sedentarismo etc.", explica o médico.

Tratamento da lombalgia crônica é feito por equipe multidisciplinar

No caso das lombalgias crônicas, o diagnóstico preciso é de fundamental importância para o tratamento correto. Isto nem sempre é fácil e, muitas vezes, o especialista em coluna necessita do auxílio de outros profissionais para o diagnóstico. Daí, a importância do tratamento multiprofissional. Por exemplo: pacientes com dor lombar mecânica, que piora com movimentação e melhora com o repouso, são a maioria e devem ser avaliados para os possíveis diagnósticos envolvendo este tipo de dor. Por outro lado, pacientes com dor lombar de padrão inflamatório, que piora ao repouso e melhora com a movimentação, devem ser sempre avaliados pelo reumatologista. Para a lombalgia crônica, também são indicados tratamentos com outros profissionais, quando necessário: pessoas com depressão devem ter acompanhamento psiquiátrico e psicoterápico; obesos devem fazer avaliação com endocrinologista e nutricionista.

Evolução nas cirurgias com tempo de recuperação recorde - As cirurgias de coluna evoluíram muito nos últimos anos e há diferentes tipos para diferentes patologias. É possível fazer desde uma lesão de uma raiz nervosa dolorosa com agulha através da pele, até reconstruir a coluna utilizando parafusos e barras, de forma que o paciente pode sair da cama no dia seguinte como, por exemplo, nos casos de tumores na coluna. Quanto à recuperação, a maioria dos pacientes é estimulada a deambular no primeiro ou segundo dia após a cirurgia, diferentemente do que ocorria no passado, quando se preconizavam longos períodos de repouso na cama.

Uma pequena parcela dos pacientes são ser tratados com cirúrgica. Os candidatos ao tratamento cirúrgico são: os que fizeram o tratamento clínico e não obtiveram melhora da sua dor; aqueles em que foram diagnosticadas outras patologias, por exemplo, tumores na coluna; e os que desenvolveram alteração do exame neurológico, como fraqueza nos braços, fraqueza nas pernas ou dificuldade para urinar ou evacuar. "É sempre bom lembrar que, assim como todos os tratamentos da medicina, estes também envolvem riscos, que devem ser avaliados pelo cirurgião e pelo paciente", explica o Dr. Alexandre.

Dicas para evitar a sobrecarga na coluna e a dor:

- melhor posição para dormir: Não dormir de bruços, mas de lado e com um travesseiro entre os joelhos; ou de barriga para cima, com um travesseiro atrás do joelho;

- tipo de colchão: não deve ser muito mole, nem muito duro. Os semiortopédicos são uma boa opção, porém não existe regra e a escolha é individual;

- melhor forma de levantar da cama: virar o corpo para o lado e começar a levantar-se de lado. Não levantar-se para frente;

- transportar objetos pesados que estão no chão: Agachar-se dobrando os joelhos, próximo ao objeto, e pegá-lo sem inclinar a coluna. Não carregar peso excessivo (exemplo: maior que três quilos).

- no trabalho em escritórios: utilizar cadeiras que não reclinem para trás, com apoio para os braços; sentar usando todo encosto e os pés totalmente encostados no chão. A tela do computador deve ficar na altura dos olhos para a coluna cervical (pescoço) ficar em posição confortável;

- carregar mochilas: utilizar mochilas nas costas usando alças dos dois lados e cuidado com excesso de peso, principalmente nas crianças;

- uso do salto alto: o salto pode acarretar dor na coluna lombar. Deve-se ter bom senso de usar eventualmente e, caso provoque dor, evitar o uso;

- dirigir: sempre com as costas apoiadas no banco e os braços parcialmente fletidos (não esticados totalmente);

- recomendação especial para gestantes: manter atividade física supervisionada e permanecer dentro do peso. Lembrar que as dores lombares em gestantes são comuns e, na maioria das vezes, não representam nenhum problema sério de coluna. Deve-se procurar um especialista em coluna para fazer o diagnóstico correto, tratamento e prevenção de novas crises;

- massagem e outros tratamentos alternativos: terapias locais como massagem, calor etc. podem trazer alívio para o paciente. Muitas vezes não trazem alívio da dor propriamente dita, mas causam bem estar e só isso já justificaria o seu uso, sempre com a indicação de um médico especialista.

- RPG e Pilates: para os pacientes com forte dor aguda é indicada a fisioterapia analgésica junto com RPG. Para os pacientes que melhoraram, a indicação é RPG ou Pilates para tentar prevenir novas crises de dor.

Sobre o Hospital 9 de Julho - Fundado em 1955, em São Paulo, o Hospital 9 de Julho tornou-se referência em medicina de alta complexidade e tem focado seus investimentos no atendimento de traumas e na criação de Centros de Especialidades (Dor, Neurocirurgia Funcional e Coluna, Oncologia, Gastro, Rim e Medicina do Exercício e do Esporte).

Com cerca de 1,5 mil colaboradores e 3,8 mil médicos cadastrados, o complexo hospitalar possui 285 leitos, sendo 60 leitos nas Unidades de Terapia Intensiva, especialistas em procedimentos de alta complexidade, além de um Centro Cirúrgico com capacidade para até 14 cirurgias simultâneas.

WEBSITE http://www.hospital9dejulho.com.br/
BLOG http://www.pordentrodo9dejulho.com.br/

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