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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Mercado Municipal do Ipiranga será palco para 7ª Feira do Livro

Autores interessados em vender diretamente ao público, podem participar do evento que ocorre no dia 26 de setembro

Autores interessados em vender seus livros diretamente para o público poderão participar da 7ª Feira do Livro, no Mercado Municipal do Ipiranga, no dia 26 de setembro, das 9h às 16h. O evento recebe o apoio da Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), como um estímulo ao hábito pela leitura.

A feira será realizada das 9h às 16h, na Praça de Alimentação do mercado e ocorre em comemoração aos 431 anos do bairro. Cada autor contará com uma mesa, de aproximadamente 80x80cm, para exposição dos livros. Cerca de 10 autores já confirmaram presença.

No mesmo dia, haverá premiação do 5º Concurso de Fotografia do conselho do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Ipiranga, com o tema: “Lixo-contraste e soluções Criativa no Ipiranga”.

Interessados em participar devem ligar para Marcelle (99140-3450) ou Marina (96822-2253), da Subprefeitura do Ipiranga.

VISAGISMO FUNCIONA?

Image Thinking & Visagismo

Será mesmo possível oferecer serviços de consultoria em imagem humana e estilo, na promessa de criar uma identidade para o cliente?

O que estaria por trás deste sonho?


LEANDRO DE LOIOLA NUNES

Palestrante e Consultor em: Imagem Humana, Visagismo e Cultura.

A imagem humana se tornou um produto valioso nos dias atuais. Você sabe como isso aconteceu? Há a indústria cosmética, plástica, da moda e da beleza. Juntas, movimentam fortunas, todos os dias!
Será mesmo possível oferecer serviços de consultoria em imagem humana e estilo, na promessa de criar uma identidade para o cliente? O que estaria por trás deste sonho?
Já se perguntou por quê as imagens, sobretudo a humana, ganhou tanto destaque? Será possível oferecer um serviço de personalização em imagem pessoal a partir de formas já prontas e definidas?
Algumas das chamadas consultorias de imagem visagistas, como proposta de trabalho diferencial ao cliente, buscam por uma suposta valorização e potencialização de sua imagem pessoal baseando-se em formas estereotipadas e prontas! Prometem potencializar sua identidade a partir de uma mistura entre Arte e Ciência, por exemplo, ao apoiar-se em pseudociências como a chamada Morfopsicologia, ou mesmo em ciências exatas como a Matemática e Geometria.

Mas, será possível realizar um trabalho realmente personalíssimo?

Não seria leviano e superficial propor conclusões sobre pessoas, e daí traçar manuais de perfis característico-comportamentais sobre possíveis fragilidades ou potencialidades baseadas, por exemplo, apenas numa análise psicovisual?

Não é novidade que a busca do homem por meios que o façam compreender a si próprio e o mundo que o cerca é bastante antiga, levando-o a teorizar a respeito de possíveis significados inscritos em sua própria face, corpo e imagem.

Morfopsicologia, Fisiognomonia e Frenologia são algumas das pseudo-ciências que, ao longo do tempo, tentam cravar seu lugar de reconhecimento perante as demais ciências reconhecidas, ao passo que procuram explicar o comportamento, sentimento, caráter e personalidade humanas via formatos do rosto, tamanho do crânio, arqueamento de sobrancelhas, tamanho do nariz, largura dos lábios, formato do queixo, formato do corpo etc., tornando-se quase que Manuais decifradores do homem.

A simplificação negativa resultante da tentativa de medir ou tabular sua beleza serve apenas para facilitar uma suposta pretensão de ler sua imagem pessoal, sua expressão corporal e de toda a complexidade em torno de sua existência. O que você talvez não sabe é que essa medição da imagem pessoal esbarra em sérias questões de discriminação racial e cultural ocorridas na humanidade. Por outro lado, viabiliza a venda e o comércio das chamadas“consultorias” em torno da imagem pessoal, não só promovendo um tipo de discriminação quase racial ao “industrializar” as pessoas e suas imagens, mas também dividindo-as em formatos pré-fabricados, geométricos e pré-medidos, tabulados por instrumentos, como se sua beleza e suas formas pudessem ser “medidas” ou entendidas como um mero produto a ser comercializado no mercado.

“Certa vez ouvi de um conhecido e renomado visagista e profissional de beleza que, a fim de reconhecer o formato "padrão" do rosto de um cliente - formato esse que segundo ele poderia variar entre 7 a 9 diferentes formas geométricas - era necessário não só olhar para o rosto, como também tocá-lo com as mãos.”

Primeiramente, fiquei me perguntando o que a "geometria" tinha a ver com o rosto de alguem. Ou seja, por quê aquele profissional visagista podia afirmar com tanta certeza não sósobre a quantidade e variação de formatos de rostos humanos, como também sobre seus possíveis significados?

Outro fator que me despertou curiosidade - agora explicando minha referência no início desse texto ao tão conhecido apóstolo São Tomé, famoso por ter duvidado da reencarnação de Cristo, tendo que tocar em suas chagas a fim de crer - foi se havia alguma relação verdadeira entre o 'toque' (tato) e uma possível tentativa em 'ler' o rosto, voltando ao caso do visagista e seu cliente. É inegável a força cultural em torno do mito do "ver" para "crer" atribuído a São Tomé.

Mas, o que a visão tem a ver com o tato, no que se refere a imagem humana? Existe mesmo alguma relação entre seu rosto, sua imagem, a percepção e a forma?

De onde tinha vindo a idéia do visagista para a tentativa de reconhecimento dos formatos do rosto pelo toque das mãos? Estaria ele certo? Ou equivocado?

Como é possível 'ver' para 'crer'? Ou seria melhor 'tocar' para 'ver'? Como funciona a 'percepção' humana associada à imagem do rosto e ao corpo?

A busca por padronização e formatação da expressão e atividades humanas tem sido um fator recorrente ao longo da história do desenvolvimento humano. Isso também tem acontecido com a imagem humana.

No apelo pela justificativa dessa prática no mercado, muitos se inspiram nos antigos mestres das artes plásticas como, por exemplo, Leonardo da Vinci e suas criações. Ingenuamente, alguns profissionais da área da beleza atuais, até criaram réguas, tabuladores e medidores na tentativa de "instrumentalizar" e, erroneamente, caracterizar como "científica" uma forma de expressão artística buscando se apoiar nas "ciências" da Matemática e Geometria.

A justificativa para tais práticas parecem ser uma proposta de querer quantificar e mensurar o quão belo, intelectual, racional ou emocional alguém possa ser, dependendo da largura da testa, do espaço da região entre olhos e boca e entre boca e queixo, já que essas medidas deveriam se adequar a certos padrões pré-estabelecidos. Isso serviria de indicativo qualificador que tornaria a pessoa capacitada ou não para determinada atividade, relação, ou atuação na sociedade.

Talvez esse esforço seja ainda um resquício da então passagem para a era Moderna, vivida pela humanidade por volta do século XIX e XX, quando o homem inventava máquinas e instrumentos para a indústria a fim de facilitar sua vida, o capitalismo etc. Em outras palavras, a simplificação resultante da tentativa de se medir ou tabular a beleza facilitaria a leitura das imagens, das expressões corporais e de toda a complexidade em torno da existência humana e, por outro lado, viabilizaria a venda e o comércio, ao "industrializar" as pessoas e suas imagens em formatos pré-fabricados, pré-medidos, como produtos a serem comercializados no mercado.

Ao contrário, o que se deveria buscar talvez fossem as conexões e relações construtoras da identidade humana, presentes no meio cultural e diversamente captadas e atualizadas - aquilo que faz com que cada um de nós sejamos seres únicos, não conformados a padrões massificantes ou "instrumentalizáveis".


*LEANDRO DE LOIOLA NUNES

Palestrante e Consultor em: Imagem Humana; Visagismo e Cultura.

Proprietário da marca: IMAGE THINKING

SITE: www.imagethinking.com.br

Desenvolve, atualmente, o primeiro doutorado no mundo cujo tema aborda a comunicação via imagem humana como resultado de uma metodologia exclusiva baseada num processo de significação via cultura, pela Escola de Comunicação e Artes - ECA, USP.

A pesquisa é voltada para os estudos da Imagem Humana como Texto e Produto de cultura, modelizada por diagramas semióticos a partir da concepção de: luz, corpo, superfícies, interfaces e materiais.

Mestre em Filologia e Língua Portuguesa, pela Universidade de São Paulo - USP, com ênfase na teoria dialógica do discurso. Bacharel em Letras, com habilitação em Linguística, pela Universidade de São Paulo - USP.

Professor de Semiótica Visual, Semiótica e Moda, Construção do Texto Institucional, Redação e Comunicação, Língua Portuguesa e Produção de Textos para cursos de graduação em Jornalismo e Comunicação Social (Publicidade e Propaganda), Comunicação Social (Rádio e TV) e cursos de Pós-Graduação em Consultoria de Moda, Construção do Texto Institucional e MBA em Branding. Consultor em Comunicação e Coach Profissional. Membro integrante do Grupo de Pesquisa Semiótica da Comunicação (Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq; Universidade de São Paulo, PPG Meios e Processos Audiovisuais, Escola de Comunicações e Artes - ECA/USP)