Uma nova estratégia de atendimento em saúde mental
Quando se pensa no tratamento para indivíduos com transtornos mentais graves, logo vem à mente a imagem de hospitais psiquiátricos afastados dos centros urbanos. Entretanto, uma nova estratégia de intervenção em saúde mental divergente da concepção tradicional de tratamento vem ganhando força: o Acompanhamento Terapêutico.
O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma modalidade de atendimento que surgiu á partir iniciativa de profissionais interessados em um trabalho interdisciplinar em saúde mental, que fosse além da concepção clássica de assistência. Suas premissas básicas são: a mobilidade do profissional no encontro com o paciente e a importância do reconhecimento das necessidades emocionais daquele que é atendido na construção de seu projeto terapêutico. "Ao contrário do que comumente ocorre que é o deslocamento do paciente no encontro de seu terapeuta; no AT, é o terapeuta que se desloca até o paciente, fazendo com que o atendimento possa ocorrer na rua, no parque ou em qualquer outro lugar que o indivíduo acompanhado esteja", explica a psicóloga Andrea Cembranelli do Grupo Ana Rosa e membro do Passos & Traços - grupo de Acompanhamento Terapêutico.
O Acompanhamento Terapêutico está inserido, dentro do contexto histórico da Reforma Psiquiátrica que propõe a substituição do tratamento em hospital psiquiátrico por equipamentos de saúde mental próximos à residência do paciente: os chamados centros (ou núcleos) de atenção psicossocial. O movimento reformista tem como pilares a escuta do sofrimento do indivíduo, a importância de olhá-lo além de seus sintomas e a ênfase no fortalecimento da relação dele com a comunidade à sua volta, o que acaba também norteando o trabalho do acompanhante terapêutico.
Indicado a pessoas com dificuldade de circulação na sociedade ou com rigidez em seus papéis sociais, o Acompanhamento Terapêutico tem como objetivo ajudar o paciente a construir relações mais flexíveis consigo mesm o e com o ambiente ao seu redor.
"Muitas vezes, o indivíduo só se vê no lugar de doente, de alguém impotente e incapaz, sobretudo se faz tratamento psiquiátrico há muitos anos. O acompanhante terapêutico, nesse sentido, pode ajudá-lo a construir novas possibilidades de ação, já que diferentemente do que acontece em consultório que o psicólogo fala com quem atende sobre suas potencialidades, no AT ele constrói ao vivo novos caminhos auxiliando o paciente, por exemplo, a buscar um curso de pintura que ele sempre desejou fazer ou a freqüentar a academia de ginástica que ele sempre teve interesse, mas nunca conseguiu por vergonha"- salienta Letícia Cintra (psicóloga e também membro do Passos & Traços)
Assim, o acompanhante terapêutico tem como principal objetivo acompanhar o sofrimento do paciente e transformar, junto com ele, essas vivências dolorosas em desenvolvimento psíquico e emocional.
http://www.grupoanarosa.com.br/
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